Em meio ao ritmo acelerado de Brusque, é comum que as histórias daqueles que contribuem para a formação de uma cidade melhor passem despercebidas. São pessoas que, longe dos holofotes, dedicam seu trabalho e comprometimento ao bem-estar da comunidade, tornando possível o progresso e a qualidade de vida que se vê nas ruas.
Um desses desses personagens é Konstantin Harasimow, de 77 anos, servidor da Prefeitura de Brusque há mais de quarenta anos, que trabalha na construção e manutenção das pontes e pontilhões que ligam a cidade. Sua história de vida, marcada por desafios e superações, é tão firme como as pontes que vai ajudando a erguer pelo município.
Natural na cidade de Dingolfing, próximo a Munique, no estado da Baviera, na Alemanha, sua infância foi marcada pelas consequências da Segunda Guerra Mundial. Filho de mãe alemã e pai ucraniano, sua família enfrentou grandes dificuldades, incluindo a desaprovação dos avós alemães devido à nacionalidade estrangeira de seu pai. “Meus avós nos deserdaram porque meu pai era estrangeiro, e quando a guerra acabou, minha mãe teve que sair do país por ser casada com ele”, conta Konstantin.
Com o fim da guerra, sua família teve que deixar a Alemanha, já que estrangeiros, como seu pai, foram obrigados a desocupar o país. Assim, sua mãe também não pode ficar por ser casada com um estrangeiro.
Aos quatro anos, ele e sua mãe migraram para o Brasil, especificamente para o Rio de Janeiro, enquanto seu pai ficou na Ucrânia. Posteriormente, a família mudou para Curitiba, onde ele cresceu.
E foi lá que Konstantin deu os primeiros passos em sua longa trajetória profissional. Trabalhou por 15 anos em uma construtora de pontes, de 1966 a 1981, onde começou como ajudante e, com o tempo, foi promovido a mestre de obras. "Sempre gostei de trabalhar com construção. Eu sabia que era o que queria fazer e até hoje gosto do que faço", afirmou.
Em 1982, ingressou na Prefeitura de Brusque como fiscal de obras, trazendo consigo toda a experiência adquirida na construção de pontes. “Comecei fiscalizando pontes de madeira, muros e até algumas pontes pênseis, que eram muito comuns na época”, relembrou. Em 1988, virou funcionário efetivo da Prefeitura.
Hoje, Brusque conta com cerca de 400 pontes e pontilhões de madeira e Konstantin continua à frente de uma equipe que monitora essas estruturas para garantir sua segurança e manutenção. "É um trabalho que exige atenção constante. A equipe está indo bem, são trabalhadores esforçados e isso me anima. Ver o impacto positivo que nosso trabalho traz para a vida das pessoas é o que me encoraja a continuar", comentou.
Entre as diversas construções em que trabalhou, uma das que mais o marcou foi a construção da ponte pênsil que permitiu a passagem de carros no bairro Santos Dumont. Desativada por conta de uma ponte de concreto construída por um particular que acabou desmoronando, sua equipe foi encarregada de refazer a ponte pênsil para permitir a passagem de veículos novamente. Naquela época, Brusque contava com seis pontes pênseis que permitiam o tráfego de carros, estruturas que hoje estão quase extintas.
Apesar do amor pelo trabalho, Konstantin espera se despedir da carreira que tanto aprecia. “Eu gostaria de continuar, mas ano que vem faço 78 anos e aí vou ter que sair. Ainda assim, gostaria de poder continuar trabalhando”, revelou, com uma mistura de satisfação e saudade antecipada.
Sua história não é apenas sobre pontes físicas, mas também sobre as conexões que ele construiu com a cidade e seus colegas ao longo de mais de 43 anos. Brusque, sem dúvida, tem muito a agradecer a Konstantin Harasimow, que dedicou sua vida para garantir que a cidade continue conectada e segura.