(VÍDEO) Para João Martins, saúde em Brusque "não passa de uma farsa de mídia social"

Nesta quinta-feira (26), o candidato à Prefeitura de Brusque pelo Partido Social Democrático (PSD), João Martins, encerrou a última rodada de sabatinas com os candidatos à Prefeitura de Brusque.

Na conversa conduzida pelos jornalistas Dirlei Silva e Rodrigo Santos, Martins destacou que, desde o início de sua campanha, o principal problema apontado pelos cidadãos brusquenses é a precariedade do sistema de saúde pública. Segundo ele, a saúde em Brusque "não passa de uma farsa de mídia social". Martins relatou que, após percorrer diversos bairros, ficou evidente que o atendimento nas unidades básicas de saúde é determinado pela rua onde o cidadão reside, criando desigualdade no acesso aos serviços. "Uma pessoa chega ao posto de saúde e, se não morar na rua 'certa', é direcionada para o Hospital de Azambuja, sobrecarregando a instituição", afirmou.

Além disso, Martins ressaltou a dificuldade enfrentada pelo Hospital Imigrantes, que, apesar de estar estabelecido em Brusque, atende cidades vizinhas, mas não pessoas do município por convênio com a prefeitura local. "Qual a lógica disso?", questionou.

Outro ponto levantado foi a questão das creches. O candidato mencionou que mais de mil crianças aguardam vagas, o que impacta diretamente a economia familiar, pois muitos pais não podem trabalhar sem ter onde deixar os filhos. “É uma situação inaceitável para a nona economia de Santa Catarina”, declarou.

Programa “Chama o Gerente” para a saúde

Para resolver o problema da saúde, João Martins propõe o programa "Chama o Gerente", inspirado em modelos de sucesso de outras cidades. A iniciativa prevê a colocação de um gestor em cada unidade de saúde para garantir que os profissionais tenham infraestrutura e materiais adequados para o atendimento, além de assegurar que nenhum cidadão brusquense saia sem ser atendido. Segundo o candidato, "o programa busca trazer uma gestão eficiente, como nas empresas, onde há gerentes responsáveis pelo controle e pela qualidade dos serviços."

Martins finalizou ressaltando a importância de uma padronização no atendimento, tanto para otimizar os recursos quanto para garantir um serviço mais eficaz à população. "Sem gerência, o sistema vira uma bagunça", concluiu.

Programa para financiar acadêmicos de medicina da Unifebe

Em resposta a questionamentos sobre a proposta apresentada em seus programas eleitorais gratuitos, o candidato João Martins detalhou seu projeto de financiar cursos de medicina na Unifebe para estudantes, que, após formados, prestariam serviços para a prefeitura na área da saúde. Segundo Martins, essa iniciativa exigiria um comprometimento dos beneficiados em atuar no sistema público de saúde municipal após a conclusão do curso.

Ele afirmou que o programa busca promover oportunidades para estudantes que não têm condições de pagar pelo curso de medicina, ao mesmo tempo em que amplia o acesso à educação. "Dessa forma, conseguimos fazer uma inclusão e, ao mesmo tempo, garantir que os profissionais já familiarizados com a realidade da saúde em Brusque possam contribuir para a melhoria do atendimento", explicou.

O candidato acredita que a iniciativa não só ajudaria a formar bons profissionais, mas também atenderia diretamente as necessidades da população local, que seria beneficiada por médicos que conhecem as particularidades do município. "Com o apoio da universidade e o retorno em forma de serviços à comunidade, podemos garantir um atendimento de qualidade por profissionais bem preparados", concluiu.

Esgotamento Sanitário: o SAMAE assume ou privatiza?

O saneamento básico em Brusque é um tema central nas discussões entre os três principais concorrentes. Martins foi direto ao afirmar que não pretende privatizar o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE), destacando que a autarquia continuará pública, embora ele proponha uma administração mais eficiente e profissional, afastando o que chamou de "cabide de empregos".

Martins ressaltou a importância de se abordar o saneamento com cautela, mencionando que a promessa de melhorias no setor é recorrente em campanhas eleitorais, mas que, até o momento, pouca coisa foi efetivamente realizada. Ele ponderou que, caso o saneamento seja gerido pelo setor público, a burocracia pode atrasar ainda mais as soluções necessárias. Por outro lado, caso seja levado à iniciativa privada, o custo para a população precisa ser cuidadosamente analisado.

O candidato enfatizou que a decisão de privatizar ou não deve ser tomada com responsabilidade, garantindo que o benefício do saneamento básico chegue rapidamente à população, sem sobrecarregar financeiramente os cidadãos.

Parque Zoobotânico, Pavilhão da Fenarreco e Arena Multiuso

João Martins foi questionado sobre a possível concessão de três importantes espaços públicos de Brusque: a Arena Multiuso, o Pavilhão da Fenarreco e o Parque Zoobotânico. Martins foi enfático ao afirmar que o Parque Zoobotânico não deve ser concedido à iniciativa privada. Segundo ele, enquanto no setor privado o foco está no lucro, no setor público a responsabilidade é gerar benefícios que retornem à população, incluindo a oferta de espaços de lazer.

Martins criticou o estado atual do Zoobotânico, descrevendo-o como “abandonado” e apontando a necessidade de revitalização. Ele relembrou a época em que o parque era frequentado por escolas e famílias, destacando o sucesso do zoológico de Pomerode como exemplo de boa gestão. Para ele, com a devida atenção, o Zoobotânico pode se tornar um ponto turístico de destaque no estado e oferecer lazer de qualidade às famílias de Brusque.

Quanto à Arena Multiuso e ao Pavilhão da Fenarreco, Martins destacou a importância de manter esses espaços em uso contínuo, evitando o desgaste e abandono. Ele criticou a atual administração pela falta de manutenção da Arena, que já foi palco de grandes eventos esportivos, e mencionou os problemas estruturais enfrentados por organizadores da última edição da Fenarreco. Martins reforçou que a responsabilidade de cuidar desses espaços é do poder público e rejeitou a ideia de privatização como solução. “Se o governo não sabe administrar, que peça para sair”, concluiu.

 Quem representa a direita? Martins classifica a candidatura de André Vechi como “oportunista”

João Martins foi questionado sobre sua posição como representante legítimo da direita na cidade. Martins afirmou que há duas candidaturas de direita no município: a sua e a de Danilo Visconti, e classificou a candidatura de André Vechi como oportunista. “O André nunca representou a direita, é apenas algo momentâneo”, declarou. Ele reforçou sua convicção de que sempre defendeu os valores da direita e continuará fazendo isso, destacando que sua trajetória política comprova sua consistência ideológica.

Martins também foi questionado sobre a heterogeneidade partidária de sua coligação, que inclui o MDB e o PSDB, partidos tradicionalmente alinhados ao centro. Ele respondeu que o MDB catarinense tem representantes que, em Brasília, votam consistentemente alinhados com pautas de direita. Quanto ao PSDB, reconheceu que o partido transita entre a esquerda e a direita, mas defendeu que o maior problema da política brasileira são os partidos políticos em si. “Infelizmente, as pessoas precisam estar vinculadas a partidos para concorrer, mas o eleitor deve olhar além disso e focar nas pessoas”, afirmou.

O candidato também relembrou que muitos eleitores votaram no PSL, partido de Jair Bolsonaro em 2018, mas foram posteriormente traídos pela sigla. “Nós não elegemos pessoas, elegemos números”, criticou Martins, reforçando que sua presença em manifestações pró-Bolsonaro, tanto em Brasília quanto em Brusque, o legitima como verdadeiro representante da direita na cidade. Ele concluiu alertando para os riscos do oportunismo na política, afirmando que quem age assim uma vez, repetirá no futuro.

Criação da Casa do Autista e integração entre Saúde e Educação

Martins, apresentou uma proposta para a área da educação, voltada ao atendimento de crianças com autismo e outras condições atípicas. Durante uma fala sobre suas intenções para o setor, Martins destacou a criação da Casa do Autista, um espaço dedicado não apenas ao autismo, mas também ao tratamento de outras situações que requerem acompanhamento especializado.

Martins reconheceu o trabalho relevante realizado por instituições como a AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista) e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), mas ressaltou que ambas não conseguem suprir a demanda crescente por atendimento especializado em Brusque. "Hoje, essas instituições fazem um excelente trabalho, mas não há uma comunicação eficiente entre elas, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Saúde. Isso impede um acompanhamento adequado do desenvolvimento dessas crianças", afirmou o candidato.

Segundo ele, a falta de integração entre essas instituições e os órgãos públicos compromete o monitoramento da evolução dos pacientes, algo crucial no tratamento do autismo. "É fundamental acompanhar o progresso da criança, ajustando as práticas conforme necessário, para garantir que ela receba o máximo de benefícios possíveis", explicou.

A proposta de Martins é criar um espaço físico maior e específico para o atendimento do autismo, a ser gerido pelas entidades que já prestam esse serviço, como a AMA e a APAE, com o apoio financeiro do poder público por meio de convênios. Em contrapartida, essas instituições ofereceriam palestras e treinamentos para monitores escolares e professores, garantindo uma abordagem mais qualificada no dia a dia das escolas.

Além disso, o candidato defendeu a interligação da Casa do Autista com as secretarias de Educação e Saúde, o que permitiria um acompanhamento integrado e contínuo das crianças atendidas. "Essa conexão permitirá que professores e monitores acompanhem de perto o desenvolvimento dos alunos e façam os ajustes necessários em seus tratamentos e atendimentos, resultando em uma evolução mais rápida e eficaz", disse Martins.

Ele também enfatizou a seriedade do trabalho com crianças autistas, ressaltando que um atendimento inadequado pode ser mais prejudicial do que a falta de atendimento. Martins citou o exemplo de Balneário Camboriú, onde um projeto semelhante já foi implementado com sucesso, e afirmou que, com uma abordagem cuidadosa e bem planejada, Brusque também pode alcançar os mesmos resultados positivos.

Por fim, João Martins garantiu que, em uma eventual administração sua ao lado de Nick Imhof, as pessoas com autismo e suas famílias terão total respaldo do poder público municipal.

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