Ficar longe dos netos é o drama dos avós na pandemia
Há muitos ditados que falam sobre o sentimento dos avós para com seus netos. Nenhum, no entanto, consegue descrever o calor de um gostoso abraço, o aconchego do toque, da presença e do contato físico. O distanciamento tem sido a maior tortura para os avós e netos nestes tempos de pandemia.
Situação que Salvelina Pedrini Amorim sabe bem como é. Avó de três crianças (João Vitor, Olívia e Lucas), ficar longe deles tem sido um dilema. Em cada espaço da casa em que ela e o esposo vivem, em Guabiruba, estão detalhes que lembram a cada minuto a presença das crianças.
“O que doeu mais foi no Dia das Mães. Eles vieram para me cumprimentar e eu não pude abraçar meu neto. Não pude pegar ele no colo. Aquilo me doeu. Se me perguntar o que te marcou durante a pandemia foi esse momento, de eu não poder abraçar meu neto”, relata entre lágrimas.
Salvelina afirma que se dependesse dela, os três netos viveriam em sua casa 24 horas por dia. Aliás, se pudesse decidir não seriam apenas três, mas nove netos, três de cada filho.
“Ficar longe dos netos é como se você fosse para uma viagem longa sem se despedir. Você sempre espera que essa pessoa retorne, porque não houve o adeus. Ficar longe dos meus netos é o pior castigo que tem”.
A dona Neuza Rubik e o esposo Valmor vivem o mesmo drama. Os dois residem no bairro Nova Brasília, em Brusque, e o neto, Henrique, de oito anos, no São Luiz. Apesar da pandemia, o casal tem conseguido estar com o pequeno neste período. Mas, nos últimos dias, ele tem ficado com os pais, por conta da gravidez da mãe, que está na fase final. Situação que faz Neuza e Valmor se dividirem entre a expectativa de mais um neto e a saudade por estar longe.
“Há duas semanas que ele não vem. A mãe está em casa. Está vindo outro. O restante dos outros dias ele está aqui. Os dias que ele não vem faz muita falta”, relata Neuza.
Neuza e Valmor serão avós de mais dois. Uma menina está a caminho e chega em agosto. Em setembro, outro menino. Nestas duas semanas, o silêncio na casa lembra que algo está faltando. Na agricultura também, brinca ela.
“Além de tudo é agricultor”, relata ela sobre uma das ocupações do neto quando está na casa dos avós: ajudar o avô com a horta.