Um sonho construido à base de garra
Desde 2006, o futsal feminino vem ganhando mais espaço no esporte de Brusque. Isso tem ocorrido por conta de um trabalho de base feito por amantes do esporte, que decidiram seguir em frente com um sonho. E desde então, 20 títulos, sem contar os vice e terceiros lugares vieram nas categorias sub-15, sub-17, sub-20 e adulto.
A equipe do o Barateiro Futsal surgiu como um trabalho de base, que visava crescer aos poucos. Porém, sempre com os pés no chão, nunca fugindo da realidade. Tanto que, comparado com os elencos de outras tradicionais equipes do futsal feminino catarinense, o orçamento brusquense chega a ser três, até quatro vezes menor.
Fora das quadras, o trabalho é coordenado por Daniela Civinski. E por muitas vezes, de acordo com ela, a vontade é de desistir, como no acidente do último dia 16 de setembro, quando a equipe voltava de Caçador. "Quando meu pai chegou ao hospital, eu falei que não queria mais, porque é muita responsabilidade. Eram 16 meninas sob minha responsabilidade. Porém, ele e as atletas conversaram comigo e decidimos seguir com o nosso trabalho", comenta ela.
Dos 20 títulos conquistados em seis anos, cinco deles são nacionais: duas Taças Brasil sub-17 (2011 e 2012), uma Taça Brasil sub-15 (2010), uma Taça Brasil sub-20 (2012) e um Jogos Escolares Brasileiros (2009). Além disso, a equipe disputa, desde 2011, a Liga Futsal Feminina, com uma vaga adquirida através de franquia.
Para Daniela, falta muito para a equipe ser considerada adulta. "Nossas atletas têm entre 15 e 21 anos. Elas são muito novas ainda. Nosso trabalho foca mais na base, enquanto equipes como Chapecó e Criciúma investem apenas nos times adultos". A idade das atletas, junto com o destaque nacional que elas conquistaram, chama a atenção.
"Muitas vezes nós não podemos influenciar na escolha delas, já que algumas moram em Brusque, mas os pais ainda decidem por elas e uma proposta pode iludir. Porém, sempre alertamos sobre trocar o certo pelo duvidoso". O que Daniela cita como certo são os benefícios que o projeto dá para as atletas.
Todas as 25 jogadoras moram na mesma casa, no Bairro Maluche. Quem está no ensino médio estuda na EEB Yvone Olinger Appel e as que cursam faculdade ganham bolsas de estudos através de uma parceria com a Uniasselvi/Assevim. "Além de trabalhar com as atletas, queremos que elas tenham um futuro bom pela frente, e principalmente, tornem-se cidadãs conscientes", destaca Daniela.
O trabalho de dela, fora da quadra, e do treinador Anderson Menezes, o Esquerda, dentro de quadra já rendeu frutos para as atletas. A pivô Nega disputou o Mundial Universitário com a seleção brasileira, em Portugal. De lá, a camisa 11 do O Barateiro Futsal voltou com a medalha de ouro.
E para os próximos anos, a meta da equipe é levar a hegemonia conquistada nacionalmente nas categorias de base para o time adulto. A equipe já está entre as oito melhores do país, e conquistou a melhor campanha da primeira fase da Liga Futsal. "Talvez com mais investimento e um patrocinador mais forte, podemos conseguir nosso objetivo, que é crescer no cenário nacional".
Entrevista - Daniela Civinski (Barateiro Futsal) by Rádio Cidade AM