Do assessor ao escritor: uma vida cheia de histórias
Aos 55 anos de idade, com uma trajetória que o levou a trabalhar em lugares de considerável respeito para uma carreira, como a Presidência da República, ele está sempre envolto naquilo que gosta de fazer, escrever. Reinaldo dos Santos Cordeiro sempre está em sua sala na Câmara de Vereadores de Brusque, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h e, geralmente, às terças-feiras também é visto nas sessões com seu efetivo trabalho de assessor legislativo. Conhecido pela bagagem cultural e gentileza por onde passa, Santos inaugura o espaço do site das Rádio Cidade que chega para contar um pouco sobre pessoas que têm, sim, muita história para contar ao longo de suas vidas.
Ele é casado com Maria Lindaura Zen Cordeiro e tem dois filhos, André Luiz Cordeiro e Lucas Cordeiro. Nasceu no dia 18 de julho de 1959, em Calçoene, no Amapá, no extremo Norte do Brasil, uma cidade pequena, com pouco mais de nove mil habitantes, localizada às margens do Rio Calçoene. Uma cidade interiorana, distante cerca de 400 quilômetros da capital, Macapá:
- Foi assim que me criei, foi ali que dei os primeiros passos, de pés descalços nas estradas de chão batido, tomando banho na cachoeira, jogando futebol em um campo belíssimo em frente à igreja.
Quando completou a idade necessária para entrar na escola, os pais o transferiram para a capital, para que pudesse cursar o ensino primário. Em seguida, ainda na adolescência, Reinaldo entrou para o seminário, onde cursou o ensino médio e superior, ficando por 12 anos a se dedicar nos estudos. Antes da chegada em Brusque, Cordeiro ainda estudou em Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e, por fim, Londrina (PR).
- Na cidade de Londrina, eu fazia faculdade de filosofia e pertencia ao Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME). Naquela época, o curso de filosofia em Londrina era muito na linha de esquerda, da filosofia da libertação e a direção do instituto não concordava com essa formação um tanto quanto marxista, existencialista – relembra ele.
Por não considerar a mais adequada, a diretoria procurou uma faculdade de filosofia no Brasil para que ele desse continuidade no curso. Na época, em Brasília, foi indicado o Centro Universitário de Brusque (Unifebe), pra onde ele foi.
- No período que eu cheguei aqui, terminado o curso, me desliguei do seminário. Eu tive umas incompatibilidades de pensamentos e me afastei. Mesmo que eu tivesse vontade de continuar, tinha vontade de realizar a minha vida na atividade voluntário e religiosa – afirma ele, ainda dizendo que suas origens sempre foram muito religiosas, católica.
POLÍTICA E MAIS
Depois do desligamento do seminário, Reinaldo trabalhou por quatro anos na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, com o ex-deputado Gentil Archer.
- O meu papel lá era escrever. Eu escrevia discursos. Foi um período muito fértil, pois o fato de escrever textos, discursos, pronunciamentos, exigiu leituras, informação. Então, eu era um inveterado leitor de jornais – relembra.
Ele ainda conta que fez um grande arquivo de jornais para usar como pesquisa de políticas públicas. Depois disso, o assessor ainda cursou história na Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Quando findou o período de trabalho na Alesc, ele prestou o concurso para a Câmara de Vereadores de Brusque, em 1986, e passou para desempenhar a função na assessoria legislativa.
- Por volta de 78, eu estava no seminário e fiz um concurso público a nível federal e fui aprovado. Foi ocasião em que desempenhei uma função na Presidência da República.
Devido a um ano letivo perdido no seminário, ele teve que escolher entre ficar estudando ou trabalhando. Optou por voltar e pediu exoneração do cargo na esfera federal para poder voltar a estudar filosofia. Somente no serviço público, Reinaldo está há 33 anos.
Depois de desligado do seminário, ele conheceu Maria Lindaura, por quem se apaixonou. Os dois namoraram por cerca de seis anos e se casaram no dia 6 de janeiro de 1989, na igreja católica do Bairro Santa Terezinha, em missa celebrada pelo padre Sérgio.
- Meu casamento é rico em aventuras e felicidades. Tenho dois filhos que estão estudando Direito na Unifebe. Um deles está se formando agora – conta entusiasmado.
LIVROS
Mesmo como assessor e desempenhando essa função em Brusque, Reinaldo continua a fazer aquilo que sempre gostou: o ato de escrever. Lançou várias obras de memórias, focando no resgate das histórias de pessoas quanto de empresas que fizeram parte da trajetória local.
- Eu escrevi uma obra, por exemplo, de empresas recente. Sobre a história dos atacadistas e distribuidores catarinenses na constituição de suas empresas. Entrevistei um grupo dos 50 maiores atacadistas de Santa Catarina. São empresas grandes, poderosas, soberanas, donas do próprio destino, mas que começaram de uma maneira muito frágil e vacilante.
Além dos livros que mostram o sucesso de várias delas, também relatou a história do dignitário gaúcho Marco Antônio, último livro lançado, além do professor Euclides Visconti, falecido recentemente, um educador que liderou o movimento popular de grande envergadura para a criação do Colégio Cenecista Honório Miranda, o início dos anos 60.
Cordeiro escreve para várias pessoas, inclusive a dignitários e políticos, além de prestar assessoria de redação de texto. Ele acredita que a produção literária seja um dom e dá prazer na hora de fazer.
- Na minha vida, li muitas obras, mas uma que me deixou muito marcado é a “A ciência vence a religião?”. De literaturas vagas tiveram muitas obras: “Dom Casmurro”, “Meu pé de laranja lima”, “Iracema”. Autores catarinenses: Lindof Bell, um bom poeta já falecido. Na verdade, eu sou um viciado em jornais e revistas. Não sei o que é Facebook, WhatsApp, não gosto de muita futilidade. Faz bem falar sobre futebol, sobre carros, mas não é só isso. Eu gosto de temas mais significativos.
Aos 55 anos, ele conta que é feliz e sempre buscou encaminhar seus filhos no caminho da intelectualidade.
- Eu ainda sou apaixonado pela minha mulher. Tenho grandes amigos aqui em Brusque. Aqui [na Câmara] é um ambiente muito harmonioso e a Câmara tem uma assessoria muito eficiente.