Moradores temem tragédia com andamento de obra
A presença e movimentação de uma máquina bate-estaca não está apenas sendo indigesta aos ouvidos, mas, também, tem causado receio a moradores das ruas 11 de Abril e Lagoa Dourada, no Bairro Souza Cruz. Irregularidades na obra de construção de um condomínio residencial são apontadas por eles como responsáveis por rachaduras e põem em risco imóveis já existentes naquele local. Quatro prédios que integram outro condomínio, já habitado por pessoas e que foi construído pela mesma empresa, apresentam rachaduras em diversos pontos.
Preocupação esta que levou os residentes no local a tentar barrar o andamento da obra. Inclusive com ação que será proposta e deve ser encaminhada ao Ministério Público. O primeiro a sentir o impacto foi Gustavo Kukembecker. Os trabalhos do novo condomínio iniciaram bem aos fundos da casa que ele construiu há pouco mais de um ano. As paredes e o muro apresentam várias rachaduras. A maioria delas, afirma o morador, foram causadas pela máquina de bate-estacas.
Ele afirma que a construtora não respeitou a distância mínima entre o limite de seu terreno e o espaço onde a obra será executada. "O bate-estaca está muito próximo da minha casa. Aliás, achamos que é mais próximo do que deveria estar", disse ele, frisando que, em nenhum momento, a empresa responsável pela execução, a Construtora Soma, de Balneário Camboriú os procurou para resolver o problema. O morador acusa a empresa de elaborar um laudo, no qual afirma que as rachaduras existiam antes de a obra iniciar. O que não seria verídico segundo ele.
O receio de que a continuidade da obra cause danos maiores e até uma tragédia levou moradores de um condomínio, situado junto ao terreno do que será erguido, a também se movimentarem. Com as rachaduras existentes nas residências, como a de Gustavo, e pelo fato de que o mesmo trabalho de bate-estacas será realizado junto aos prédios já habitados, o medo é de que eles sejam comprometidos. O que já estaria ocorrendo, segundo disse à reportagem da Rádio Cidade o síndico do Condomínio Frankfurt, Carlos Fernando Fagundes.
"Por causa do bate-estacas, também, há apartamentos no terceiro e quarto andares que estão com rebocos caindo. Além disso, há casos de outros cujas instalações elétricas apresentam curto-circuito", cita ele. Um laudo a ser elaborado por um técnico independente foi solicitado por eles para avaliar a realidade situação dos prédios. Tanto os moradores do condomínio quanto das casas ao redor disseram que o uso do bate-estaca poderia ser substituído por um equipamento que faz perfuração.
O síndico afirma que o condomínio já habitado foi construído pela mesma empresa, a Soma, e que os moradores enfrentam até hoje problemas com instalações mal feitas. "A entrega das chaves e liberação para que as pessoas entrassem para residir nos ocorreu em 2009".
A Rádio Cidade tentou contato no durante a manhã desta quarta-feira (23) com a Construtora Soma, em Balneário Camboriú. De acordo com uma funcionária que atendeu a ligação, Marcio de Souza, que seria engenheiro e sócio da empresa, e que foi citado pelos moradores, estaria viajando e somente ele poderia falar sobre o assunto.
A entrevista com os moradores ocorreu no final da tarde de ontem. No início da manhã desta quarta-feira, a prefeitura, através do Instituto de Planejamento (Iplan), esteve no local e embargou a obra por conta de irregularidades.
RETIFICAÇÃO: Na entrevista, os moradores citam que havia uma ação no Ministério Público em relação ao caso. Em contato com a redação da Rádio Cidade, a advogada Fabiana Xavier, que defende os moradores do Condomínimo Frankfurt, corrigiu a informação, afirmando que a ação ainda não foi impetrada e que a stratativas estão ocorrendo apenas extrajudicialmente.
Reportagem: Valdomiro da Motta e Wilson Schmidt Junior