Escritório, ar condicionado, sombra e água fresca. Esse é, geralmente, um desejo de consumo de quem se encontra em plena atividade de trabalho. Ainda mais com as altas temperaturas, típicas desta época. Agora, imagine você exercendo sua atividade debaixo de um calor escaldante ou mesmo no furor de um temporal.  Pois é, esses personagens existem, sim, e enfrentam isso diariamente.

Adelino Wachtmann é um destes.  Carteiro na cidade de Brusque há dez anos, ele conhece bem essa realidade. Uma atividade que enfrenta não apenas as forças da natureza, como as investidas do sol e a agressividade dos trovões. 

“Chovendo ou em dia de com sol, temos que trabalhar. Em dia de chuva, se coloca capa e nos de sol, passamos um protetor. O cachorro é nosso inimigo. Porque pode passar qualquer um na rua e ele não late, mas quando o carteiro se aproxima...”, conta ele.

Wachtmann é um dos 31 carteiros em atividade atualmente no município. Grupo responsável por levar as correspondências a mais de 110 mil pessoas. População atendida por seis distritos especiais e 22 postais, que são as bases de distribuição e administração para a entrega das postagens.

A atividade exercida por Wachtmann e os outros 30 colegas dele quase não costuma lá ser muito lembrada. Exceto quando as correspondências atrasam por alguma razão. Nem mesmo quando o calendário presta a homenagem ao Dia do Carteiro, como nesta sexta-feira (25). 

Profissão que está no mundo desde 2.400 a.C., quando se tem registro das primeiras movimentações de documentos escritos na história. No Brasil, o serviço existe há 350 anos. Em 25 de janeiro de 1663 foi criada a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). 

De lá para cá, houve uma grande evolução. Porém, a quantidade de carteiros para realizar as tarefas não seguiu na mesma velocidade. 

Em Brusque, por exemplo, a quantidade destes profissionais é insuficiente para uma população superior a 110 mil habitantes. A afirmação é da gerente da agência central dos Correios na cidade, Sebastiana Aparecida Assink. 

“Foi realizada uma contagem, que apontou a necessidade de contratação de mais quatro carteiros efetivos. Algo que queremos ter concretizado até o mês de maio”, explica ela, frisando que o reforço no efetivo possibilitará mais agilidade no serviço e maior abrangência.

O quadro atual permite que a distribuição cubra apenas 90% da cidade. Segundo Sebastiana, existem ainda algumas zonas periféricas que não possuem cobertura por estarem na área rural. 

Outro grande problema que dificulta a atividade dos carteiros é a falta de placas no início de muitas ruas.  “Isso acontece quando o carteiro é novo ou a agência recebe auxílio de profissionais de fora da cidade”, prossegue Sebastiana.

A ausência de numeração nas casas ou quando o imóvel fica em local de difícil visualização são outros itens que atrapalham. Como no caso de plantas que cresceram e tapam toda a visão do carteiro. Ou quando a pessoa mora em uma via transversal e põe na postagem o endereço da rua geral. 

Problemas que dificultam os trabalhos até mesmo quando há a necessidade de entregar a correspondência com hora e prazos. Como no caso do Sedex, por exemplo. “Sedex é prioridade. Todos os dias recebemos a carga às 6h30min da manhã, ela é tratada por todos os carteiros, separada por bairros e, posteriormente, por ruas. E cada carteiro tem a sua localidade para realizar a entrega”, complementa a gerente da agência central.