O contraste entre dois mundos
Com o crescimento rápido e, muitas vezes, desordenado dos grandes centros, a mobilidade tem sido um tema bastante debatido. Principalmente quando o foco está relacionado à estrutura das vias públicas e os meios alternativos para que o cidadão possa se locomover. Entre eles estão as ciclovias.
O assunto é recorrente em simpósios e eventos relacionados a questões de trânsito. A maioria das cidades brasileiras vive o mesmo drama: carros demais e espaço de menos para quem opta por usar as bicicletas. Uma realidade diferente de outros países, afirma quem conhece tais realidades.
O brusquense Marcos Malinverni Paqliosa sabe bem disso. Ele morou por um ano em Dublin, capital da Irlanda. E por lá, assegura, a dificuldade de se locomover sobre as duas rodas - e sem motor - não é tamanha como no Brasil. Não apenas a existência dos espaços torna atrativa a utilização do meio, mas, também, as formas de incentivo. É possível, por exemplo, alugar uma bicicleta a qualquer instante.
“O DublinBike era muito fácil de utilizar, devido a haver várias estações espalhadas em locais bem movimentados (...). É um sistema de mobilidade disponível para toda população. Existe um cartão magnético, o qual tem os dados do usuário, desde endereço, nome e o número da conta do banco”, explica ele sobre o processo de locação.
Segundo ele, é comum pessoas bem sucedidas, como empresários, advogados e outros profissionais se locomoverem no DublinBike. Para Paqliosa, algo muito diferente da realidade de Brusque, onde a tentativa de incentivo ao uso de bicicletas, bem como na maioria das cidades brasileiras, se resume a leves campanhas e instalação de ciclovias em alguns pontos da cidade.
Em Brusque, o projeto de instalação de ciclovias ainda está em fase de implementação. São pouco mais de seis quilômetros de ruas que possuem a opção para os ciclistas. Processo iniciado em 2010 e que deve ter continuidade, afirma o secretário de Trânsito e Mobilidade da prefeitura, Paulo Sestrem. “Temos ruas que nunca vão receber devido às suas estruturas, mas queremos ampliar o sistema”, comenta ele.
Uma saída para desafogar, segundo Sestrem, o caótico tráfego de veículos e motocicletas que tomam conta das ruas em determinadas horas do dia. Enquanto a idéia do uso da bicicleta como meio alternativo não se concretiza, a cidade convive e assiste ao crescimento rápido da frota de veículos automotores.
De acordo com dados da secretaria de Trânsito e Mobilidade, atualmente circula pelas ruas da cidade uma frota de 85.973 veículos, entre carros, motos, caminhões e outros. O que dá uma média de quase dois por habitante. Destes, 22.632 são motocicletas, 48.709 carros e os demais 14.632 se dividem em caminhões, camionetas e tratores.
Confira na próxima reportagem, que vai ao ar na sexta-feira (15), a opinião de quem acredita que está havendo, sim, uma mudança de visão sobre o uso da bicicleta na cidade de Brusque. E mais: quais ações estão sendo planejadas por parte do poder público local para dar fôlego a isto.
Assista, abaixo, ao vídeo sobre como funciona o Dublinbike na Irlanda