Nota do Conselho de Medicina irrita igreja
A Rádio Cidade entrevistou o padre Hélio Luciano, membro da comissão de bioética da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele é doutorando em bioética pela Faculdade de Medicina do Campus Biomédico di Roma (Unicampus), na Itália. Luciano se manifestou sobre algo que está repercutindo de forma polêmica na sociedade, a nota do Conselho Federal de Medicina, órgão que representa os mais de 400 mil médicos brasileiros, posicionando-se a favor da “liberdade e autonomia da mulher”, ou seja, do aborto.
Segundo a nota, para chegar a esse posicionamento o Conselho de Medicina analisou o tema durante vários meses e, no documento, afirma que diversos segmentos foram ouvidos, além de analisados vários estudos e contribuições. E, por fim ,que representantes de grupos religiosos também foram chamados a colaborar, apresentando seus pontos de vista.
Padre Hélio diz que foi um erro grave a postura tomada pelo Conselho Federal de Medicina. Para ele, não é que a Igreja se posicionada contrária, é uma questão de razão e dois valores que estão em jogo. Sendo uma a autonomia da mulher, que não poder ser desprezada, e outro é a vida de um ser humano.
Padre Helio diz que a nota foi feita de forma aleatória, afirmando os documentos que foram entregues já foram para apoiar o aborto. “Não foi uma reunião para discutir. Não foi encaminhado para os conselhos regionais para ter uma consulta ampla dos médicos devido der um assunto polêmico e não houve essa consulta”, destaca ele.
O presidente da Associação Brusquense de Medicina, Jonas K. Sebastiany, comentou sobre o fato. Segundo ele, suas palavras não são um posicionamento oficial da entidade e, sim, de profissional médico e cientifico. “Por isso me atenho ao que o Conselho Federal de Medicina está postulando as colocações no sentido que possam ser refletidas de quantas mulheres abortam de maneira clandestina, gerando riscos para sua vida, criando um problema social ainda mais grave do que o próprio aborto”, destaca ele.
Para Sebastiany, não existe uma posição do Conselho Federal de Medicina sobre uma liberalidade completa, com o aborto sendo prática usual e sem critério especifico. Segundo o médico, o que está sendo discutido é em relação a esses critérios que,atualmente, algumas cirurgias que são proibidas e que são feitas de forma irregular, clandestina. Todos os ricos desse tipo de procedimento, que poderiam ser revistos e ser objetos de reflexão para que o problema social não se torne mais grave.
Ele diz que não tem como se fazer o aborto com nove meses de gestação. Para o procedimento acontecer de forma legal nas circunstâncias especificas e com o fator burocratizado, ninguém poderá usar esse artifício. “Não é que queremos banalizar. Apenas vai se dar o direito à mãe se vai continuar mantendo uma gestação encéfalo. Acho que, em algumas situações, a mãe tem que escolher. Não é do tipo, esqueci de colocar a camisinha, não queria e agora vou abortar. Uma circunstância vai o tipo de como funcionada na cabeça de cada pessoa, como uma pessoa vai lidar como essa situação.”
O profissional destaca que em caso de violência sexual tem pessoas que vão conseguir superação e outras não vão conseguir associar uma coisa a outra. Talvez enxergar o filho e não o estuprador nele.