Quando a idade não é razão para não empreender
Ser idoso é muito mais do que ter completado 60 anos ou mais. Essa é, na verdade, apenas a idade que faz uma pessoa se enquadrar a um determinado grupo. Ser idoso é desfrutar e compartilhar de todas as experiências da vida, da bagagem adquirida em tantos anos de estrada. É também continuar a viver, planejar e aprender e empreender.
Pensando neles o Serviço Social do Comércio (Sesc) tem o projeto Idoso Empreendedor, que trabalha a inclusão dos idosos de forma diferenciada. De acordo com a coordenadora da proposta e assistente social Iassana Hoffmann, o projeto leva o idoso para a frente do computador, mas com a preocupação em atualizá-lo sobre as tecnologias. Mostramos que eles têm um campo para explorar. Como o empreendedorismo social, no qual desenvolvem projetos fora do Sesc, levando para outros idosos em casa de longa permanência. A gente trabalha com eles através de dinâmicas, motivando-os a agir na sociedade, acrescenta.
Cerca de 50 idosos participam do projeto. Eles são divididos em grupos e frequentam as aulas duas vezes por semana, que envolvem leituras de texto, análise de imagens, entre outras dinâmicas. Além disso, toda sexta-feira, a teoria é praticada no laboratório.
De acordo com a estagiária Cristiane Schlindwein, eles usam a internet para busca de informação. Sempre trabalhamos com a questão de conhecimento através das redes. Então, eles buscam nos navegadores, se aprofundam naquele tema e, quando chegam no local, veem o que buscaram.
No ano passado, eles desenvolveram alguns projetos. Entre estes estão a entrega de revista a entidades de cunho social, para levar informação e gerar tema de conversa nesses grupos, além de uma tarde de café e sorvete na Clínica Geriátrica Cajerê. Para este ano, estão sendo desenvolvidos mais dois projetos, que já estão em andamento. Um deles será nas casas Dilone e Cajerê. O outro com o grupo Anjos do Peito.
Para Rubens Pereira da Conceição (61), aluno do grupo e que chegou praticamente empurrado no Sesc, o projeto vem agregando cada vez mais valores em seu dia a dia. Eu nunca tinha mexido com computador, nunca tinha sentido atração pela máquina. Chegando aqui, me deparei com uma realidade que nunca havia imaginado: gente jovem e generosa no trato com os idosos. Continuo não tendo atração pelo computador, mas o que me fascina são o método de ensino e a troca de experiência e ideias. Ter resposta, as pessoas te ouvem. To bem mais generoso, desenvolvendo a compaixão. Sinto-me mais amoroso e tolerante e aqui entendi que, com 60 anos, eu já era um idoso e, mesmo assim, posso fazer muito pelo meu semelhante, declara ele eufórico.