Quando inicia o desenvolvimento da linguagem?
Na sequência da série de reportagens sobre o tema diagnósticos infantis, vamos, desta vez, falar sobre um dos momentos mais esperados da mamãe e do papai, que é o de ver o filho desenvolver a fala. A maioria espera ansiosa para saber qual será a primeira palavra do pequenino. E isso é algo que pai e mãe nenhum esquece. Mas o que eu faço quando o coleguinha do meu filho já fala e o meu ainda não reproduz nenhuma palavrinha?
De acordo com a fonoaudióloga Jaqueline Eloise Schweigert Corrêa, a linguagem é fundamental para nossa comunicação e ela é divida em dois tópicos: verbal, que a gente se expressa através da fala, e a não verbal, quando nos expressamos através de gestos e olhares. O desenvolvimento é muito importante e possibilita a inserção da criança na sociedade.
Hoje, temos uma base que de toda criança com, aproximadamente, dois anos de idade tem um número de vocábulos, palavras, que permite que ela se expresse oralmente com maior facilidade. Algumas conseguem um pouco antes e outras um pouco depois, considerando a variação de cada indivíduo. Elas já conseguem fazer frases simples e com verbos, e outros aparatos do dia a dia. Existe uma regra, de acordo com a literatura, mas não pode generalizar por causa da individualidade de cada criança, explica Corrêa.
Muitas mães devem se perguntar: Como percebo que já não é mais normal? Quando devo me preocupar e procurar ajuda?
Para Jaqueline, quando a criança está com a idade um pouco acima dos dois anos e ainda não consegue falar essas frases simples, se expressando pela fala, usando ainda muito gestos, é a hora de procurar um profissional. Não significa tratamento, mas uma orientação do que deve ser feito. Hoje está mais fácil, porque, geralmente, essas crianças fazem acompanhamento na Unidunitê (no caso de Brusque). Mas aquelas que não fazem, podem procurar uma clínica especializada para orientação.
Para determinar a aquisição da linguagem plena, alguns fatores são predeterminantes. Bom desenvolvimento de todas as estruturas cerebrais da criança, integridade do sistema auditivo, integridade nos órgãos da fala como os lábios, língua, palato e bochecha, bom estado psicológico e um ambiente calmo, além de uma interação social desde que ela nasce, em um ambiente com estímulos.
Passada a fase inicial, existem ainda outras preocupações. Como os desvios fonológicos. Ou seja, a troca de letras, que são muito frequentes na fase escolar. Segundo a fonoaudióloga, até os quatro anos e meio é normal fazer trocas, porque ela está na fase de aquisição.
É uma fase em que ela dá conta dos fonemas sozinha. Quando chega perto dos cinco, o que é considerado ainda normal nessa troca é o R, que seria o fonema mais difícil. Não pode mais haver trocas simples, como faso ou invés de vaso. Se até os quatro anos e meio a criança não consegue falar o R, ou troca ele pelo L, precisa procurar a orientação de um fonoaudiólogo. Se isso não for corrigido nessa fase, o problema vai se duplicar, na fala e na escrita.
O importante é que cada mãe e pai devem perceber as limitações dos filhos. Cada criança possui seu tempo, dentro da média citada acima. A fala é algo que deve ser estimulado. Assim, a criança pode se espelhar naqueles a sua volta. Por isso, converse com seu filho, faça o dizer aquilo que ele quer. Caso fuja da normalidade, procure orientação, há meios de ajudar a criança a desenvolver comunicação verbal.