Os riscos de medicamentos em crianças com transtornos
Cresce o número de crianças e adolescentes diagnosticados com transtornos de comportamento e para resolver o problema médicos e familiares recorrem cada vez mais ao uso de medicamentos psiquiátricos.
O problema, explica a professora titular de pediatria da faculdade de ciências médicas da Universidade Estadual de Campinas, Maria Aparecida Moysés, é que em muitos dos casos esse diagnóstico, que identifica as crianças com doenças neurológicas, é equivocado e faz com que pessoas que poderiam receber outro tipo de tratamento sejam medicadas de forma indiscriminada.
A especialista explica que as principais doenças identificadas são transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de oposição desafiadora, dislexia e transtorno de espectro autista.
Muitas crianças absolutamente normais que só são mais agitadas, mais ativas, mais inquietas, estão recebendo esse rótulo de doentes, recebendo medicamentos e vão ficar silenciadas e quietas. Outras que têm comportamento alterado, esse comportamento é expressão de um problema outro. Então você dá uma droga, que faz ela ficar quieta. Não é resolver o problema, você simplesmente oculta o problema e cria para ela um outro problema, que ela não pode nem mesmo manifestar.
Dados do Instituto de Defesa dos Usuários de Medicamentos apontam que a venda em farmácias do metilfenidato, conhecido comercialmente como ritalina, saltou de setenta mil caixas em 2000 para dois milhões de caixas em 2010. Esse medicamento é utilizado principalmente no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Maria Aparecida Moyses alerta que esse medicamento gera efeitos colaterais que podem prejudicar o desenvolvimento de crianças.