Hoje, a série Religiões vai falar da Igreja Evangélica Luterana. Mas para entender esse segmento religioso que já cativou mais de um milhão de fieis em todo o Brasil e cerca de 10 mil em Brusque, é preciso voltar um pouco na história e conhecer mais sobre Lutero. Filho de um casal de alemães e estudante de Direito, certo dia, na volta da universidade, ele enfrentou uma forte tempestade e prometeu a Deus que se saísse vivo dela, se tornaria monge. Para decepção dos pais, cumpriu a promessa, deixou a universidade e foi para a casa de monges mais severa da Alemanha.

Na biblioteca, Lutero descobre uma Bíblia e percebe que o justo vive pela fé e não pelas obras. Resolve escrever sobre essa liberdade cristã, mas o papa manda queimar tais documentos. Então Lutero decide enfrentar o chefe do Vaticano e queima a carta do papa em praça pública. Contra a venda de indulgência, praticada pela Igreja Católica na época, Lutero escreveu 95 pontos sobre a prática e pregou na porta da igreja, que se espalhou como pólvora. Marcva, assim, o início da reforma da igreja.

De acordo com o pastor Cláudio Schefer, o miolo da crença luterana está na justificação. “Nós somos salvos pela graça mediante a nossa fé. Temos uma teologia da libertação. Quem é luterano, é o signo da liberdade. Não por nossos méritos, mas pelo sacrifício de Cristo na cruz”, enfatiza.

O pastor afirma que a igreja luterana segue a Bíblia de um método interpretativo e não o fundamentalista. Desse ponto de vista, a Igreja não contesta a religião. “Nós podemos concordar com a ciência que possa ter havido um Big Beng. Se há evidências disso, por que Deus não possa ter feito o mundo dessa forma? Só não consigo entender que nós tenhamos vindo do macaco”, acrescenta.

Para os luteranos, a morte é um sono. Não é possível saber o que vai acontecer e como vai ocorrer. “Creio num novo céu e nova. Ouso dizer que não sei como Deus vai julgar os que não eram cristãos. Se Deus é amor, como ficam o amor perante os muçulmanos, judeus, hindus e todas outras crenças que existem? Eu creio como um cristão sincero que Cristo é meu salvador. Não só meu, mas de toda a humanidade”, acrescenta.

Com pensamento muito particular, o pastor afirma que não sabe como será o céu. Mas dá um palpite diferente. “Eu penso aqui com os meus botões que seremos até assexuados, já que não haverá necessidade da procriação porque seremos eternos. Não haverá morte, não haverá necessidade nascimento. Isso não está escrito, é uma divagação minha. Essa terra nova pode até acontecer a partir de um Big Beng criado por Deus. Não creio em céu de nuvens com anjos voando por todos os lados. Creio numa morada eterna, algo muito concreto. E na ressurreição nós saberemos como vai ser”, enfatiza.

Os seguidores da Igreja Luterana não adoram imagens. Segundo o pastor Cláudio, o motivo é simples. “Eu sou o senhor teu Deus e não terás outros deuses além de mim”. Não que os cristãos canonizados não sejam dignos de admiração ou que não tenham deixado uma vida de exemplo, mas, para os luteranos, Jesus é o único salvador, única referência de fé, afirma ele.

Dizimo

O dízimo é aplicado de forma espontânea na Igreja Evangélica Luterana. Os frequentadores possuem um carnê por família, mas não consta valor. São impressas 12 parcelas e mais uma 13a como contribuição especial. Porém, o valor oferecido é de decisão do próprio contribuinte.

“Dízimo como lei só no testamento antigo. No Novo Testamento você encontra como contribuição, como resposta a todas as dádivas”, diz Schefer. Esse valor é aplicado para cobrir todas as despesas de água, luz, manutenção e funcionários.

Cultos
Dia: Domingo
Horário: 9h / 19h
Local: Avenida Monte Castelo, 25 - Centro