Pouco aceita e praticada por uma minoria no Brasil, a Umbanda ainda é alvo de muito preconceito. A primeira associação com a religião é a macumba, o ato de fazer mal para as pessoas. Há 42 anos seguindo essa crença, o pai de santo Arno de Souza deixa claro que essa não é a doutrina praticada pela Umbanda Branca, uma religião de fé, paz e caridade que acredita no mesmo Deus de todos os seguimentos religiosos.

“A macumba existe, com certeza, mas o maior macumbeiro é quem procura o pai ou mãe de santo para fazer o mal aos outros. Se você bater na minha porta e pedir isso, vou dizer que você bateu na porta errada. Tem que parar essa perseguição com a Umbanda, que é coisa do demônio e feitiçaria. Na verdade não é nada disso, as pessoas estão mal esclarecidas”, explana ele.

Souza trabalha e pratica a religião nas horas livres. Não sobrevive dela. Ele descobriu a mediunidade aos dois anos, quando ficou muito doente e vomitava tudo que comia. Sua mãe o levou para uma benzedeira em Itajaí, que percebeu a sensibilidade do menino. Então, aos 17 anos, ele decidiu ser praticante da Umbanda.

Segundo o pai de santo é fácil perceber a mediunidade, mas precisa prestar bastante atenção aos sinais. “Você está numa roda de amigos e percebe que aquela pessoa está ruim, de que vai acontecer alguma coisa. Parece que você enxerga ou escuta”. Arno vê vultos desde os dois anos. Outra característica é você sentir a presença de alguém em um ambiente vazio. “Quando dirigia sentia alguém sentado ao meu lado”, destaca.

Ao entrar no centro, é possível observar uma espécie de altar, chamado Congá. Nele, estão expostas muitas imagens de Santos, as mesmas utilizadas pela Igreja Católica, denominadas diferentemente. Oxalá é Deus. É nele que a Umbanda acredita. “Deus é um espírito. Se Ele é um espírito, por que não acreditamos no espiritismo?”, questiona.

Crentes da reencarnação, a Umbanda não vê fim para a vida. A terra é uma fase, uma etapa, uma missão. Para eles, os problemas espirituais existem por isso, espíritos que ao morrer não foram para o outro plano e continuam vagando entre os vivos na terra, podendo fazer o mal. O fim absoluto será apenas quando o espírito puder viver junto de Oxalá. “Só se alcança isso quando as pessoas conseguirem viver nesse plano sem fazer mal a ninguém, fazendo a caridade”.

Dízimo

Não há cobrança alguma para os frequentadores. Apenas os pais de santo, membros do centro, pagam uma mensalidade de R$ 25 cada para manter o centro.

Doutrina

Dia: Terça-feira
Horário: 20 horas
Local: Rua Augusta Hort, 110, Dom Joaquim.

As consultas espirituais são realizadas toda quinta-feira às 20 horas gratuitamente.